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LIVROS BILÍNGUES AUXILIAM NA LUTA PARA NÃO DEIXAR MORRER LÍNGUA INDÍGENA DO PANTANAL


“Eu vou contar uma historia pra vocês”, diz a professora indígena terena Evanilda Rodrigues, para um grupo de irrequietas crianças da comunidade indígena Mãe Terra, em Miranda, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Logo eles se aglomeram no entorno da professora, curiosos para ouvir a história. Evanilda, então, saca o livro Fábulas de Esopo em Terras Terena, uma produção com fábulas da literatura clássica que foi traduzida para o terena. Evanilda começa a leitura que consegue prender a atenção dos pequenos, com a expectativa de para onde vai aquela historia.
Mas Evanilda conta as fábulas em português – porque a maioria das crianças não é fluente no terena. “E esta é uma situação que estamos trabalhando para mudar”, explica a linguista Denise Silva, presidente do Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural (Ipedi), organização social responsável pela produção dos livros em conjunto com a Unesp em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec) e que foram entregues para escolas indígenas e não indígenas de Miranda, beneficiando diretamente mais de 2 mil crianças indígenas em idade escolar.
“O livro já está sendo usado pelos professores indígenas em sala de aula como material de apoio”, conta Denise. “Assim o Ipedi oferece mais um suporte para os professores terena, pois há uma grande carência de material para trabalho em sala de aula. Como um professor pode ensinar a língua materna sem um material sistematizado que o possa auxiliar em seu trabalho?”, questiona Denise Silva.
Além de ser entregue em comunidades indígenas terena de Miranda, o livro foi disponibilizado para outros municípios que possuem aldeias terenas, como Nioaque e Dois Irmãos do Buriti.
Fábulas de Esopo
Pela primeira vez na história, textos da literatura clássica são traduzidos para a língua indígena terena, num trabalho que impacta cerca de 5 mil crianças da rede escolar pública de Miranda, no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
Textos das Fábulas de Esopo – uma coleção de fábulas creditadas a Esopo, um escravo contador de histórias que viveu na Grécia Antiga – foram traduzidos para o terena e ilustrados com desenhos de crianças indígenas e não-indígenas de Miranda – cidade que, além de estar localizada no Pantanal, é o município com maior concentração de indígenas da etnia terena no Brasil, com cerca de 8 mil indivíduos, divididos em 9 aldeias que ficam no entorno do centro urbano do município.

“Eu vou contar uma historia pra vocês”, diz a professora indígena terena Evanilda Rodrigues, para um grupo de irrequietas crianças da comunidade indígena Mãe Terra, em Miranda, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Foto: Denise Silva/Ipedi

“O livro já está sendo usado pelos professores indígenas em sala de aula como material de apoio”, conta Denise Silva, presidente do Ipedi, na foto coma liderança da comunidade, senhor João Leoncio, o professor terena Gerson Rodrigues e crianças da Mãe Terra. Foto: Denise Silva/Ipedi 



A professora Evanilda conta as fábulas em português – porque a maioria das crianças não é fluente no terena. E esta é uma situação que o Ipedi está trabalhando para mudar. Foto: Denise Silva/Ipedi

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