Uma
cultura que esta morrendo com a língua, que só é falada pelos mais velhos.
Costumes que estão sendo esquecidos; conhecimentos da natureza que não estão
sendo repassados dos mais velhos para as gerações mais novas e que, por isso,
vão desaparecendo à medida que os anciãos da comunidade falecem. Nas aldeias
indígenas da etnia terena, no município de Miranda, localizado no Pantanal de
Mato Grosso do Sul, a pressão do contato com o “homem branco”, que trouxe
consigo a influência de outras religiões e práticas culturais diversas fez com
que aquela população indígena, uma das maiores do Brasil, vivesse uma situação
em que sua identidade cultural corre risco.
Mas
este quadro está mudando. As próprias gerações mais jovens perceberam a
necessidade de garantir a sobrevivência da cultura, para se afirmarem como
comunidade. É neste quadro que surgiu o projeto Sons da Aldeia, uma iniciativa
de professores da aldeia Babaçú patrocinada pela associação Brazil Foundation e
sob mentoria do Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural (Ipedi) e
que oferece atividades de resgate da
cultura indígena terena a cerca de 100 crianças, no período em que elas não
estão em sala de aula. A coordenadora da iniciativa, que recebeu o Prêmio de
Inovação Comunitária 2017 da Brazil Foundation, professora Marlene Rodrigues é
voluntária e organiza as atividades oferecidas às crianças em oficinas de
produção de instrumentos musicais típicos, de artesanato, de dança, arte e
cultura indígenas.
O
projeto já deu frutos práticos, por assim dizer: foi premiado pelo Ministério
da Cultura e recebeu recursos para construção de um espaço físico, que foi
inaugurado em março: a Oca Cultural Professor Nilo Delfino, erguida com
mão-de-obra voluntária de moradores da aldeia, que compreenderam a importância
do trabalho de resgate da cultura junto às crianças da comunidade.
Na
segunda-feira, 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o Sons da Aldeia
iniciou as atividades das oficinas na Oca Cultural, que virou um espaço de
conquista não apenas para as crianças, como para os educadores voluntários
envolvidos no projeto. Para a professora Marlene Rodrigues, o Sons da Aldeia e
as conquistas que conseguiram com o projeto são passos na realização de um
sonho maior: “Eu sonho com uma escola que funcione em tempo integral,
realizando oficinas de reforço escolar, de atividades culturais e esportivas.
Que possamos desenvolver projetos de produção de artesanato para a manutenção
da cultura e a geração de renda e para que os jovens se interessem por essa prática
tão importante que esta sendo esquecida. Que os professores recebam formação”,
diz Marlene.
A aldeia
A
aldeia Babaçú tem população aproximada de 600 de indivíduos, está localizada na
Terra Indígena Cachoeirinha, a cerca de 15 quilômetros da área urbana de Miranda.
A liderança máxima da comunidade é o cacique Josué Silva. As crianças
beneficiadas pela iniciativa Sons da Aldeia são alunos da Escola Municipal
Indígena Extensão José Balbino.
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