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O QUE O IPEDI FAZ? Um dos projetos ajuda a salvar língua indígena em vias de extinção

Realizamos um projeto pioneiro de revitalização de uma língua indígena no Brasil: o Kalivono. A palavra, em terena – língua indígena falada pela comunidade homônima, que tem sua maior concentração nacional em Miranda, no Pantanal de MS, onde o Ipedi atua – significa “criança” ou “avançando um pouco mais”. 
O nome é simbólico uma vez que o projeto promove a revitalização da língua e o fortalecimento de saberes tradicionais indígenas que estavam se perdendo com o tempo.
O Kalivono consiste numa metodologia em que professores e toda a comunidade escolar são envolvidos no processo de construção de um material didático próprio, focado em ser bilíngue: terena e português. Como resultado além do fortalecimento do espírito comunitário e do resgate de saberes tradicionais, há um livro didático que é o primeiro na história a dar ênfase ao ensino bilíngue terena-português. O Kalivono é o primeiro livro que os professores indígenas terena têm para ensinar em sala de aula para crianças do Ensino Fundamental. 

CERTIFICAÇÃO
O Kalivono é certificado pela Fundação Banco do Brasil como uma tecnologia social. Ou seja, um processo criado para solucionar um problema social e que atende os quesitos de simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade e impacto social comprovado. Além disso o Kalivono foi finalista do Prêmio de Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil, recebeu o prêmio Brasil Criativo da Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo e o Prêmio Acolher do Movimento Natura.
Projetos realizados a partir do Kalivono receberam o prêmio Cultura Indígena, do Ministério da Cultura, e foram contemplados por dois anos consecutivos pelo Prêmio de Inovação Comunitária da organização não-governamental Brazil Foundation. 

IMPACTO
Diretamente, o projeto impactou cerca de 800 alunos das escolas municipais indígenas de Miranda. De modo indireto o impacto alcança a população de mais de 15 mil indígenas da etnia terena de Mato Grosso do Sul ao passo em que a iniciativa promove a revitalização de saberes tradicionais em vias de extinção. Ao mesmo tempo toda a população de MS é beneficiada, sob o ponto de vista da proteção de patrimônio imaterial de extrema importância para o Estado fortemente marcado pela presença de povos indígenas. – a população indígena de MS chega a 44 mil indivíduos segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Es 


tatística).

EM EXTINÇÃO
Cerca de 30% da população do município de Miranda, de pouco mais de 26 mil habitantes,  é formada por indígenas da etnia Terena. Localizado no Pantanal de Mato Grosso do Sul, o município é o que possui maior concentração de indígenas terena no estado.
Os terenas passam por um processo de risco de extinção de sua língua materna – o idioma terena, uma das mais importantes formas de manifestação cultura para definição da identidade daquele povo.
A Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação e Cultura) criou uma classificação de avalia os níveis de vitalidade da língua, numa gradação que vai do 01 (grau a salvo) até o 06 (grau de extinção da língua). Segundo esta classificação, a língua terena está no nível 04  (grau de língua seriamente em perigo). O desaparecimento da língua pode significar a extinção de saberes tradicionais que definem o povo indígena terena.

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