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Inspire-se: na iniciativa Sons da Aldeia professores se unem para recuperar a autoestima e o interesse dos alunos

Veja o relato da equipe da iniciativa Sons da Aldeia e inspire-se.
“Durante o ano letivo de 2012 percebemos o desinteresse dos alunos em participar das atividades escolares, em especial aquelas relacionadas a cultura indígena. Não queriam mais dançar, cantar, fazer artesanato e pintura corporal. Foi assim que criamos um grupo de professores com o objetivo de desenvolver pequenas atividades culturais na escola. Desde então já desenvolvemos várias ações, com recursos dos professores e doações da comunidade. Com essas ações já percebemos mudança significativa no interesse dos alunos pela escola e pela cultura indígena e também uma maior participação da comunidade nas ações da escola.
Em 2015 começamos a realizar atividades no contraturno e percebemos o quanto as crianças estavam motivadas com os projetos. Conversamos com a equipe do Ipedi que nos auxiliou com a doação de instrumentos musicais, com a divulgação e formatação do projeto. Essas ações motivaram ainda mais os alunos e a comunidade indígena a trabalharmos todos juntos com a escola. Pois para o povo indígena a educação não é coisa de professor sozinho, é responsabilidade de toda a comunidade.
Atuamos numa comunidade indígena, e a escola é extensão da escola pólo localizada na aldeia sede. Não temos direção, nem coordenação próprias, e o recurso financeiro e material geralmente fica na escola pólo. Nossa aldeia tem aproximadamente 600 pessoas, vivendo de programas sociais, agricultura familiar e artesanato. É importante ressaltar que apenas os velhos mantêm o uso da língua e da cultura e o objetivo do nosso projeto é justamente o de resgatar isso, pois vimos através das ações que o Ipedi desenvolve aqui no município que é importante trabalhar com a língua e a cultura indígena e que os projetos trazem resultados positivos para toda a comunidade.
Sonhamos com a escola indígena que está garantida pela legislação: diferenciada, intercultural e bilíngue, ou seja muito diferente da nossa atual realidade. Estamos buscando a construção de uma escola integral, com espaço físico, recursos materiais, professores capacitados, trabalhando com projetos que envolvam a comunidade nas atividades da escola, preservando a identidade cultural do nosso povo”.


Projeto, que inaugura a Oca Cultural no domingo, 26 de março, recebeu o Prêmio Cultura Indígena do Ministério da Cultura em 2016 e o Prêmio de Inovação Comunitária da Brazil Foundation em 2016 e 2017.

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