Pesquisadores acadêmicos, defendendo suas metódicas pesquisas no cenário inusitado: uma oca indígena, simples, numa noite escura da primavera quente e úmida do Pantanal.
Os pesquisadores apresentam seus trabalhos diante de uma plateia silenciosa – ao fundo, os sons da noite no mato. Um mosquito aqui, outro acolá, não são problema. O lugar simples contrasta com os equipamentos instalados para as apresentações: um datashow (espécie de projetor eletrônico para apresentações de palestras) e um computador projetam slides cheios de informação na parede interna da oca. Duas quedas de energia elétrica – comuns para um lugar distante da área urbana – assustam, mas não interrompem as apresentações que, por alguns minutos, são feitas sob as luzes de celulares do público – celulares sem sinal, porque ali a rede de telefonia só chega em alguns pontos estratégicos. Dá pra tirar fotos. Mas não dá pra postá-las imediatamente ou tentar fazer, por exemplo, uma live no Facebook.
Na plateia, anciãos indígenas, lideranças atuais e antigas e professores de aldeias da região ouvem com atenção os dados, as historias que as pesquisas trazem de suas próprias comunidades. Para eles, as pesquisas são retratos de si. Acadêmico, sistematizado. Mas ainda assim um retrato.
Os autores dos retratos, das pesquisas, são professores indígenas graduados que voltaram aos bancos da universidade para se tornarem, agora, especialistas.
A apresentação para a banca formada por mestres e doutores (dois dos quais, também indígenas) é a prova de fogo para que obtenham a titulação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems).
Os professores que apresentam seus trabalhos na oca são alunos do curso de Especialização Lato Sensu em Língua e Cultura Terena, da Uems, iniciativa que tem a participação do Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural (Ipedi).
O espaço que sediou as apresentações é a Oca Cultural Professor Nilo Delfino, um espaço comunitário construído pelos próprios indígenas da aldeia Babaçú, em Miranda, município localizado a 210 quilômetros de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul – estado com a segundo maior população indígena do Brasil, com cerca de 77 mil indivíduos segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica).
A Oca Cultural foi construída com recursos do prêmio recebido do Ministério da Cultura pelo projeto Sons da Aldeia, iniciativa comunitária local que desenvolve atividades de resgate da cultura indígena com crianças – o Sons da Aldeia teve patrocínio da organização Brazil Foundation, e tem mentoria do Ipedi.
A presidente da banca, que aprovou os trabalhos apresentados na oca, foi Denise Silva, que preside ainda o Ipedi, é pós-doutora em linguística e uma das maiores autoridades em pesquisa de povos indígenas do Pantanal.
“Foi realmente um momento histórico e representativo, pois a Oca Cultural é vista pela comunidade como um espaço de resistência, de luta para sobrevivência da cultura e da identidade”, diz Denise.
Os pesquisadores apresentam seus trabalhos diante de uma plateia silenciosa – ao fundo, os sons da noite no mato. Um mosquito aqui, outro acolá, não são problema. O lugar simples contrasta com os equipamentos instalados para as apresentações: um datashow (espécie de projetor eletrônico para apresentações de palestras) e um computador projetam slides cheios de informação na parede interna da oca. Duas quedas de energia elétrica – comuns para um lugar distante da área urbana – assustam, mas não interrompem as apresentações que, por alguns minutos, são feitas sob as luzes de celulares do público – celulares sem sinal, porque ali a rede de telefonia só chega em alguns pontos estratégicos. Dá pra tirar fotos. Mas não dá pra postá-las imediatamente ou tentar fazer, por exemplo, uma live no Facebook.
Na plateia, anciãos indígenas, lideranças atuais e antigas e professores de aldeias da região ouvem com atenção os dados, as historias que as pesquisas trazem de suas próprias comunidades. Para eles, as pesquisas são retratos de si. Acadêmico, sistematizado. Mas ainda assim um retrato.
Os autores dos retratos, das pesquisas, são professores indígenas graduados que voltaram aos bancos da universidade para se tornarem, agora, especialistas.
A apresentação para a banca formada por mestres e doutores (dois dos quais, também indígenas) é a prova de fogo para que obtenham a titulação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems).
Os professores que apresentam seus trabalhos na oca são alunos do curso de Especialização Lato Sensu em Língua e Cultura Terena, da Uems, iniciativa que tem a participação do Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural (Ipedi).
O espaço que sediou as apresentações é a Oca Cultural Professor Nilo Delfino, um espaço comunitário construído pelos próprios indígenas da aldeia Babaçú, em Miranda, município localizado a 210 quilômetros de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul – estado com a segundo maior população indígena do Brasil, com cerca de 77 mil indivíduos segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica).
A Oca Cultural foi construída com recursos do prêmio recebido do Ministério da Cultura pelo projeto Sons da Aldeia, iniciativa comunitária local que desenvolve atividades de resgate da cultura indígena com crianças – o Sons da Aldeia teve patrocínio da organização Brazil Foundation, e tem mentoria do Ipedi.
A presidente da banca, que aprovou os trabalhos apresentados na oca, foi Denise Silva, que preside ainda o Ipedi, é pós-doutora em linguística e uma das maiores autoridades em pesquisa de povos indígenas do Pantanal.
“Foi realmente um momento histórico e representativo, pois a Oca Cultural é vista pela comunidade como um espaço de resistência, de luta para sobrevivência da cultura e da identidade”, diz Denise.
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