Relatos
orais que estão sendo registrados apenas agora trazem à tona revelações sobre
como se deu participação de indígenas da etnia terena na Guerra do Paraguai –
conflito que ocorreu de 1864 a 1870. O nome original da aldeia Babaçú, em
Miranda, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, por exemplo, teve origem durante a
guerra. Segundo relatos coletados pelo acadêmico de história, o indígena
Bartolino José Rodrigues, no começo, a região em que a aldeia se localiza se
chamava “Capão Babaçu”. A palavra “Capão” fazia referência à prática de
castração de soldados paraguaios, que era realizada por indígenas que viviam na
região.
Histórias
como esta, que resgatam a história da própria comunidade indígena, estavam
morrendo com os anciãos, perdendo-se no tempo. Para enfrentar esta situação,
desde maio, na aldeia Babaçú a comunidade se reúne em torno da Oca Cultural
Professor Nilo Delfino, um espaço para a prática de atividades comunitárias com
ênfase para ações educacionais e de resgate da história e da cultura do povo
terena. O local começa a reunir acervo sobre o povo terena e serve de
referência para pesquisas como a do Bartolino, que usou o espaço da Oca para
realizar seus estudos. “A minha pesquisa registrou, entre outras coisas, uma
importante entrevista com o ancião Adolfo Pedro, de 92 anos. Ele foi um dos
primeiros caciques da aldeia Babaçú”, conta Bartolino.
A
Oca Cultural Professor Nilo Delfino é uma conquista da comunidade que foi
possível através do projeto Sons da Aldeia, uma iniciativa comunitária de
educadores da aldeia e que desenvolve atividades de resgate das tradições
indígenas junto às crianças no período em que elas não estão na sala de aula.
Financiado pela associação Brazil Foundation por meio do Prêmio de Inovação Comunitária e gerenciado pelo Instituto de
Pesquisa da Diversidade Intercultural Ipedi), o projeto está ajudando a
resgatar e conservar os saberes tradicionais e a história da comunidade
indígena, em especial, da comunidade da aldeia Babaçú.
“O projeto ajuda a resgatar a autoestima, preservando com a Oca Cultural, principalmente, a memória dos nossos anciãos”, diz Bartolino. |
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