O
projeto Barco de Letras, que oferece alfabetização a pescadores ribeirinhos do
município de Miranda, no Pantanal de Mato Grosso do Sul está ampliando a
quantidade de alunos atendidos. Originalmente a iniciativa, que tem mentoria do
Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural (Ipedi), atendia 25
pescadores ribeirinhos que moram às margens do Rio Miranda, na área urbana da
cidade.
O
projeto deu tão certo que chamou a atenção de ribeirinhos de outras regiões do
município, como os moradores do distrito de Salobra, que fica a cerca de 20
quilômetros da zona urbana. A demanda foi tamanha que o projeto precisou ser
levado para Salobra, onde a primeira aula aconteceu no sábado, 1º de julho. No
total, em Salobra, são 18 pescadores ribeirinhos, divididos em duas turmas. As
aulas deles acontecem aos sábados, nas casas dos alunos, e contam com o apoio
da Colônia de Pescadores local.
“Aprender
a ler e a escrever é o que eu mais quero neste mundo”, diz o seu Nilson Samuel,
mais conhecido como seu Enio, aluno do projeto e dono da casa onde ocorreu a
aula inaugural em Salobra. Ele conta que até tem Whatsapp no celular mas que para
se comunicar é obrigado a pedir que seus
contatos mandem áudios, porque ele não sabe ler.
O
Barco de Letras é patrocinado pela associação Brazil Foundation, por meio do
Prêmio de Inovação Comunitária – Outra Parada. A iniciativa é coordenada pela
historiadora Janete Corrêa, que ministra as aulas e em quem os pescadores
depositam uma confiança marcante, seja por sua origem igualmente ribeirinha, ou
seja pelo trabalho desenvolvido por Janete de apoio à classe na Colônia de
Pescadores. “Como a Janete já tem o carinho de todos, todo mundo gosta dela,
nós sentimos mais conforto né, pra vir estudar”, fala a dona Alcinda, aluna do
projeto.
“O
projeto tem como objetivo oferecer alfabetização a partir da realidade dos
pescadores, portanto temos de respeitar o tempo deles, o ambiente em que vivem,
tudo para potencializar os resultados”, explica a presidente do Ipedi, Denise
Silva, pós-doutora em linguística.
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A coordenadora do Barco de Letras, Janete Correa e a presidente do Ipedi Denise Silva, reunidas com pescadores de Salobra. |
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O “seu Ênio”, conta que tem
Whatsapp e que,por não saber ler, tem que pedir aos seus contatos que enviem
apenas áudios.
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Alguns dos alunos já
escrevem e leem, mas querem aprender mais, melhorar na escrita e na forma de se
expressar. Na primeira aula eles registraram, cada um a seu modo, o que esperam
desta jornada no Barco de Letras.
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Os alunos de Salobra são
divididos em duas turmas e o projeto respeita “o tempo” dos pescadores.
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O nível de conhecimento dos alunos é variável. Alguns conseguem construir frase, outros não sabem assinar o nome. Um dos desafios do projeto é trabalhar com essas diferenças. |
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