"A MULHER INDÍGENA É A MÃE, A AVÓ, A FILHA, A NETA. É A QUE VARRE O QUINTAL DE MADRUGADA E NO FINAL DO DIA, PARA ESPANTAR QUALQUER ESPÍRITO RUIM, É A QUE CUIDA DA CASA, DA COMIDA, DOS FILHOS, DOS NETOS, DA COMUNIDADE"
Denise Silva é presidente do Ipedi e fala dos desafios das mulheres indígenas
No último dia 08 celebramos o Dia
Internacional da Mulher, um dia historicamente marcado por luta. Mesmo tendo um
dia especificamente dedicado às mulheres, sabemos que esse dia é todo dia e que
a luta histórica perpetua nos dias de hoje.
Falamos da luta das mulheres por
equidade, por igualdade salarial, por acesso à formação, por proteção contra a
violência doméstica, pela busca do equilíbrio entre carreira e maternidade,
entre tantos outros temas que permeiam o universo feminino. Mas, por ser um
universo de culturas e contextos, não podemos generalizar e considerar que os
avanços na legislação atendem todas as mulheres, que a luta ocorre de forma
igualitária em todos os contextos. Assim, nossa fala é sobre um contexto muito
específico, o contexto da mulher indígena, no município de Miranda, e que
participam dos projetos desenvolvidos pelo IPEDI.
Iniciamos nossas atividades em 2012 e
desde então a maioria dos projetos foram liderados por mulheres indígenas, como
por exemplo, o Kalivono: Kalihunoe ike vo’um ambos coordenados pela professora
Maísa Antônio; O projeto Sons da Aldeia coordenado pela professora Marlene
Rodrigues; O Projeto Cultura e Identidade Terena e o Projeto Tramas coordenados
pela Liderança Evanilda Rodrigues; O projeto Itukevo Kopenoti coordenado pela
dona Darcy juntamente com o coletivo de Mulheres da Aldeia Mãe Terra. Em todos
esses projetos a força da mulher indígena fica em evidência.
A mulher indígena é a mãe, a avó, a
filha, a neta. É a que varre o quintal de madrugada e no final do dia, para
espantar qualquer espírito ruim, é a que cuida da casa, da comida, dos filhos,
dos netos, da comunidade; é a que ajuda na roça, que vai para a cidade fazer
feira e é também quem cuida da manutenção da cultura. Essas mulheres fortes,
citadas nos projetos acima são apenas alguns exemplos e juntamente com muitas
outras estão na linha de frente das suas comunidades, lutando pelos seus
direitos, pelos direitos dos seus povos, lutando para manter a ancestralidade,
a cultura, a língua e o bem viver.
São essas mulheres que andam longe em
busca da argila para fazer a cerâmica, da lenha para queimar a cerâmica, da
fibra de taquara, taboa e carandá para fazer o trançado. São elas que
compartilham com a comunidade, com as crianças, com a escola esse conhecimento
ancestral numa forma muito respeitosa de interagir com a mãe natureza.
Essas mulheres estão ocupando seus espaços, mostrando suas
faces, militando na busca por seus direitos, muitos até já resguardado por
leis, mas que ainda estão distante dos locais onde vivem. Recentemente essas
mulheres estiveram reunidas na 2ª Assembleia das Mulheres Terena, realizada dias 06 e 07 de
março na Aldeia mãe Terra em Miranda. Nessa assembleia elas debateram sobre
Território, Educação, Saúde e os projetos desenvolvidos nas suas comunidades.
Foram debates intensos, mas que evidenciaram a força delas, e relataram como
elas estão se levantando e junto levantando suas comunidades e nos ensinando
sobre resiliência, resistência, propósito e bem viver.
À essas mulheres nossos
reconhecimento e respeito!
Mulheres Indígenas, nenhuma
a menos!
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