O Instituto de Pesquisa da
Diversidade Intercultural (Ipedi) é mentor de duas iniciativas premiadas pelo Outra
Parada Prêmio de Inovação Comunitária, da organização Brazil Foundation. Com a
premiação, as iniciativas que começaram em 2016, terão continuidade em 2017 nas
aldeias indígenas Babaçú, Moreira e Passarinho, em Miranda. A organização
Brazil Foundation patrocina os projetos com recursos oriundos de mobilização
feita no Brasil e no exterior. “Trabalhamos com líderes e organizações sociais
e uma rede global de apoiadores para promover a igualdade, justiça social e
oportunidade para todos os brasileiros”, diz o site oficial da organização.
O Ipedi foi responsável por
direcionar a formatação dos projetos que são realizados em parceria com as
escolas das comunidades. Na aldeia Babaçu, o projeto se chama Sons da Aldeia, é
coordenado pela professora Marlene Rodrigues e desenvolve atividades de resgate da cultura indígena com os alunos nos horários em que eles não estão em sala de aula. O projeto deu tão certo que teve outros desdobramentos: foi premiado pelo Ministério da Cultura e recebeu recursos que possibilitaram a inauguração, no fim de março, da Oca Cultural professor Nilo Delfino, um espaço que será utilizado para desenvolver as atividades culturais com os alunos indígenas.
Já os alunos da Escola Municipal Indígena Pillad Rebuá, que atende as crianças das aldeias Moreira e Passarinho, são contemplados pelo Projeto Cultura e Identidade Terena, coordenado pelas professoras Evanilda Rodrigues e Sônia Acosta. Moreira e Passarinho são as aldeias mais próximas da área urbana da cidade, tendo se transformado, do ponto de vista geográfico, quase em bairros da cidade. Portanto, há todo um contexto social e econômico que atinge especificamente as crianças indígenas das duas aldeias. O projeto Cultura e Identidade Terena ajuda a interferir neste processo, promovendo o resgate da história, das tradições, dos saberes tradicionais que estavam se perdendo, ajudando a reforçar a autoestima dessas crianças por meio de afirmação da identidade cultural. As atividades do projeto também ocorrem no contraturno, ou seja, no horário em que as crianças não estão em sala de aula, se tornando uma alternativa saudável de atividade fora da escola.
O Ipedi foi o responsável pela apresentação dos projetos à Brazil Foundation, originalmente em 2016, no edital Outra Parada – Prêmio de Inovação Comunitária. Naquele ano, os dois projetos foram premiados e o resultado foi tão bem sucedido que novamente, para a edição 2017, ambas as ações foram selecionadas novamente.
“Os projetos Sons da Aldeia e Cultura e Identidade Terena foram inspirados pelo livro Kalivono, que também desenvolvemos nas comunidades indígenas de Miranda e que foi premiado pela Fundação Banco do Brasil, pelo Prêmio Brasil Criativo e pelo Movimento Acolher da Natura. Ter desdobramentos do projeto, ajudando a resgatar a cultura, a história, a língua materna, são conquistas que só puderam ser construídas graças a todo esforço, protagonismo e empenho dos próprios indígenas”, diz a presidente do Ipedi, doutora em linguística Denise Silva.
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A arte de produzir cestarias, que também estava
ficando esquecida, voltou a fazer parte do dia-a-dia das crianças. |
Apresentação de dança do grupo formado no projeto Cultura e Identidade Terena. |
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Crianças participando da catação de sementes para a produção de artesanato. |
Saberes
tradicionais como a produção do artesanato são resgatados pelos projetos.
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Pinturas com estilos tipicamente terena fazem parte do aprendizado. Conhecimentos tradicionais estavam se perdendo. |
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