Imagine um médico que não possa receitar remédios.
Imagine um engenheiro que precisa construir uma casa, mas que não possa usar tijolos, nem cimento, nem areia.
Pense num cozinheiro que esteja impedido de usar qualquer tipo de tempero.
Difícil né?
Agora pense num professor que não tenha livros para dar aulas... Livros são ferramentas fundamentais para o trabalho de educadores. Sem livros a educação fica, no mínimo, capenga.
Como ensinar sem livros?
É um dos problemas que assolam educadores do ensino público Brasil afora. E, quando falamos em professores do ensino público de escolas indígenas, a situação se complica ainda mais.
Os Povos Indígenas têm direito a uma educação escolar específica, diferenciada, intercultural, bilíngue/multilíngue e comunitária, conforme define a legislação nacional que fundamenta a Educação Escolar Indígena.
Como em tudo neste país a teoria, na prática, é bem outra.
Como ensinar sobre cultura terena, para alunos terena, sem ter livros terena? Como ensinar conhecimentos tradicionais se tais conhecimentos vivem apenas na oralidade e na memória, especialmente dos mais velhos das comunidades?
É um desafio.
Desafio que fica maior num cenário em que são praticamente inexistentes iniciativas governamentais para enfrentar este problema. A educação escolar indígena não é uma prioridade para governos.
Aqui, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, onde temos a segunda maior população indígena do país – população estimada de 70 mil indivíduos, atrás apenas do Amazonas – este é um desafio que tem sido enfrentado em diversas frentes, a maioria delas por iniciativas das próprias comunidades indígenas e organizações não governamentais em parceria com universidades públicas.
Uma das frentes é liderada pelo Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural (Ipedi).
Mobilizando indígenas, especialmente da etnia terena, o Ipedi tem criado materiais que ajudam a nortear a prática de professores indígenas em sala de aula, valorizando saberes tradicionais, promovendo a revitalização da língua materna terena que, segundo a Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) corre risco de ser extinta.
Professores indígenas ajudam a construir os materiais feitos pelo Ipedi. Durante todo o processo de confecção dos livros, os professores atuam, trazendo seus anseios, compartilhando experiências e desafios que surgem em suas salas de aula. Assim os livros acabam sendo feitos “sob medida”, atendendo aos problemas reais que os educadores indígenas enfrentam no dia a dia escolar.
Este jeito de fazer garante uma educação contextualizada, potencializando os resultados.
O material mais recente construído pelo Ipedi e que já foi entregue para escolas de 9 aldeias indígenas, beneficiando mais de 2 mil alunos da etnia terena, no município de Miranda, MS, é a coleção de livros Itukeovo Terenoe. São livros cujos autores são professores das próprias aldeias indígenas e que trazem textos bilíngues terena-português sobre aspectos que abordam costumes e tradições indígenas terena.
O trabalho recebeu, recentemente, moção honrosa em prêmio nacional realizado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
“É uma equipe que faz a diferença nas comunidades indígenas”, diz a professora indígena Maísa Antonio, que é uma das autoras da coleção Itukeovo Terenoe.
FOTO ENTREGA ARGOLA: Na aldeia Argola, equipe da escola municipal recebe os livros produzidos pelo Ipedi com co-autoria de professores indígenas. Luciano Justiniano.
DESCRIÇÃO DA FOTO: Professores indígenas da etnia terena, do Pantanal de Mato Grosso do Sul recebem livros bilíngues de projeto do Ipedi. Trabalho foi destacado pelo Iphan
FOTO ENTREGA PASSARINHO: Na Escola Municipal Pillad Rebuá, alunos de duas aldeias são beneficiados pelos livros produzidos pelo Ipedi: Passarinho e Moreira. Luciano Justiniano.
DESCRIÇÃO DA FOTO: Livros didáticos vão apoiar a educação escolar indígena de escolas públicas em aldeias do Pantanal de Mato Grosso do Sul. Projeto recebeu menção honrosa do prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Iphan.
Imagine um engenheiro que precisa construir uma casa, mas que não possa usar tijolos, nem cimento, nem areia.
Pense num cozinheiro que esteja impedido de usar qualquer tipo de tempero.
Difícil né?
Agora pense num professor que não tenha livros para dar aulas... Livros são ferramentas fundamentais para o trabalho de educadores. Sem livros a educação fica, no mínimo, capenga.
Como ensinar sem livros?
É um dos problemas que assolam educadores do ensino público Brasil afora. E, quando falamos em professores do ensino público de escolas indígenas, a situação se complica ainda mais.
Os Povos Indígenas têm direito a uma educação escolar específica, diferenciada, intercultural, bilíngue/multilíngue e comunitária, conforme define a legislação nacional que fundamenta a Educação Escolar Indígena.
Como em tudo neste país a teoria, na prática, é bem outra.
Como ensinar sobre cultura terena, para alunos terena, sem ter livros terena? Como ensinar conhecimentos tradicionais se tais conhecimentos vivem apenas na oralidade e na memória, especialmente dos mais velhos das comunidades?
É um desafio.
Desafio que fica maior num cenário em que são praticamente inexistentes iniciativas governamentais para enfrentar este problema. A educação escolar indígena não é uma prioridade para governos.
Aqui, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, onde temos a segunda maior população indígena do país – população estimada de 70 mil indivíduos, atrás apenas do Amazonas – este é um desafio que tem sido enfrentado em diversas frentes, a maioria delas por iniciativas das próprias comunidades indígenas e organizações não governamentais em parceria com universidades públicas.
Uma das frentes é liderada pelo Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural (Ipedi).
Mobilizando indígenas, especialmente da etnia terena, o Ipedi tem criado materiais que ajudam a nortear a prática de professores indígenas em sala de aula, valorizando saberes tradicionais, promovendo a revitalização da língua materna terena que, segundo a Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) corre risco de ser extinta.
Professores indígenas ajudam a construir os materiais feitos pelo Ipedi. Durante todo o processo de confecção dos livros, os professores atuam, trazendo seus anseios, compartilhando experiências e desafios que surgem em suas salas de aula. Assim os livros acabam sendo feitos “sob medida”, atendendo aos problemas reais que os educadores indígenas enfrentam no dia a dia escolar.
Este jeito de fazer garante uma educação contextualizada, potencializando os resultados.
O material mais recente construído pelo Ipedi e que já foi entregue para escolas de 9 aldeias indígenas, beneficiando mais de 2 mil alunos da etnia terena, no município de Miranda, MS, é a coleção de livros Itukeovo Terenoe. São livros cujos autores são professores das próprias aldeias indígenas e que trazem textos bilíngues terena-português sobre aspectos que abordam costumes e tradições indígenas terena.
O trabalho recebeu, recentemente, moção honrosa em prêmio nacional realizado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
“É uma equipe que faz a diferença nas comunidades indígenas”, diz a professora indígena Maísa Antonio, que é uma das autoras da coleção Itukeovo Terenoe.
FOTO ENTREGA ARGOLA: Na aldeia Argola, equipe da escola municipal recebe os livros produzidos pelo Ipedi com co-autoria de professores indígenas. Luciano Justiniano.
DESCRIÇÃO DA FOTO: Professores indígenas da etnia terena, do Pantanal de Mato Grosso do Sul recebem livros bilíngues de projeto do Ipedi. Trabalho foi destacado pelo Iphan
FOTO ENTREGA PASSARINHO: Na Escola Municipal Pillad Rebuá, alunos de duas aldeias são beneficiados pelos livros produzidos pelo Ipedi: Passarinho e Moreira. Luciano Justiniano.
DESCRIÇÃO DA FOTO: Livros didáticos vão apoiar a educação escolar indígena de escolas públicas em aldeias do Pantanal de Mato Grosso do Sul. Projeto recebeu menção honrosa do prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Iphan.
Educadores recebem livros da coleção Itukeovo Terenoe na aldeia Cachoeirinha. Foto: Luciano Justiniano. |
Na aldeia Argola, equipe da escola municipal recebe os livros produzidos pelo Ipedi com co-autoria de professores indígenas. Luciano Justiniano. |
Equipe da escola pública da aldeia Lalima recebe os livros da coleção Itukeovo Terenoe. Luciano Justiniano. |
Na
Escola Municipal Pillad Rebuá, alunos de duas aldeias são beneficiados pelos
livros produzidos pelo Ipedi: Passarinho e Moreira. Luciano Justiniano.
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