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Pesquisadores nacionais capacitam professores indígenas em congresso realizado pelo Ipedi

Linguistas das principais universidades do país estiveram reunidos em Miranda, de 01 a 03 de junho, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, capacitando professores da etnia terena  no Congresso de Educação Escolar Indígena Rede Kalivono.
Miranda tem 25 mil habitantes, sendo 8 mil indígenas da etnia terena, vivendo em oito aldeias que circundam a área urbana. Um dos desafios dos terenas é manter viva sua língua materna, que está em vias de extinção, por isso a importância do encontro que foi focado em capacitar professores indígenas melhorando a atuação deles em sala de aula para potencializar o ensino da língua e a revitalização da cultura e de saberes tradicionais indígenas que estão se perdendo.
O evento foi realizado pelo Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural (Ipedi) que entre outras ações, desenvolve trabalhos voltados à educação escolar indígena.
Para o professor terena Aronaldo Júlio, o evento “é uma iniciativa que corresponde com a expectativa de os professores indígenas. Tudo aquilo que nós estamos trabalhando nas escolas indígenas realmente está sendo contemplado aqui dentro desse evento”.
O direito que os indígenas têm de serem contemplados por uma educação indígena diferenciada está previsto no Constituição Federal. Mas é uma realidade distante de ser concretizada.  “As escolas que ainda funcionam dentro da nossa aldeias são escolas que não são adequadas ao funcionamento de uma educação escolar indígena. Uma educação diferenciada na verdade”, diz o professor Aronaldo.
“O Ipedi realmente esta fazendo um trabalho que promove não só o fortalecimento da língua mas que está promovendo o protagonismo indígena, os indígenas levando adiante, conscientes, participando ativamente de todos os momentos do seu processo educacional”, diz a doutora Ana Suelly Arruda Câmara Cabral, da Universidade de Brasília (UnB) e uma das maiores autoridades no estudo de línguas indígenas no Brasil.
Cristina Martins Fargetti é doutora em linguística e pesquisadora vinculada à Universidade Estadual Paulista (Unesp) e foi uma das palestrantes do Rede Kalivono. “Está de parabéns o Ipedi, o evento está muito bem organizado e bonito, com a participação do pessoal terena dos professores, coordenadores. Eu me sinto honrada de estar aqui e poder participar deste momento, espero que seja o primeiro de muitos”, afirmou a pesquisadora.

Meninas do grupo de dança indígena que surgiu com o projeto Cultura e Identidade Terena, que tem mentoria do Ipedi, nas aldeias Passarinho e Moreira, com autoridades: celebração. Da esq. p/a dir.: Cacique Josué da Silva, da aldeia Babaçú; Walquiria Bitonti, secretária do Ipedi; Denise Silva, presidente do Ipedi; Adilson Antonio, vereador indígena; Sonia Acosta, coordenadora do projeto Cultura e Identidade Terena; Valter Ferreira, vereador, presidente da Câmara Municipal de Miranda; Tania Metelo, diretora do Núcleo de Educação indígena da Secretaria Municipal de Educação de Miranda; Evanilda Rodrigues, coordenadora do projeto Cultura e Identidade Terena.



Professora Maisa Antonio, curadora do Rede Kalivono.



Com instrumentos musicais tradicionais, grupo trouxe a dança indígena terena das mulheres para abertura do congresso



A cantora Suely Terena entoou o Hino de Mato Grosso do Sul, com estrofes traduzidas para o terena.



O projeto Cultura e Identidade, que tem mentoria do Ipedi e financiamento da Brazil Foundation, criou o grupo de dança indígena que reúne meninas das aldeias Moreira e Passarinho. Elas se apresentaram a abertura do congresso.



O Congresso foi aberto com o painel “Línguas Indígenas Brasileiras”, com mediação da presidente do Ipedi, a pós-doutora em linguística Denise Silva (primeira à esquerda) e a participação das doutoras Cristina Fargetti (Unesp) e Ana Suelly Arruda (UnB).



O Congresso Rede Kalivono reuniu professores indígenas das escolas municipais locais, oferecendo capacitação para melhorar a qualidade da atuação destes educadores em suas respectivas escolas.



Comentários

  1. Os professores indígenas já são capacitados, formação continuada e permanente é necessidade de todos os profissionais. O termo capacitado é inadequado.

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    1. Não dizemos que não são capacitados, jamais! Mesmo porque conhecemos de perto toda a força, a garra, a competência técnica dos professores indígenas. Usamos o termo "capacitar", no sentido de conferir oportunidade de qualificar ainda mais o trabalho. Sentimos se você compreendeu de outra forma. Vamos considerar sua observação, comentários sobre o trabalho que estamos realizando junto com as comunidades indígenas são sempre muito bem vindos! Abs!

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